Querer e fazer mais... Viver melhor!
Atividade física no cuidado da hemofilia: e agora?

Atividade física no cuidado da hemofilia: e agora?

Atividade física e hemofilia A podem parecer incompatíveis, mas na verdade, a prática de exercícios pode ajudar no tratamento do quadro, através do fortalecimento muscular proporcionado que pode minimizar o risco de sangramento local, correspondente a aproximadamente 85% dos episódios hemorrágicos, atuando na prevenção de casos de hemartrose e dor crônica. A atividade física pode também ter impacto positivo na melhora da percepção de bem-estar emocional e social.1

Sendo uma aliada à terapia contínua de reposição de fator (profilaxia), a importância da reabilitação física se dá de forma nítida quando amostras de pacientes acima de 35 anos revelam declínio de mobilidade articular e função física ao longo do tempo, quando comparado a amostras de pacientes na faixa etária de 24 anos, em tratamento profilático.2 A recorrência de sangramentos articulares pode culminar em dor e limitação dos membros acometidos, levando a quadros de atrofia muscular que fragilizam a plena funcionalidade motora e do equilíbrio, elevando o risco de quedas e traumas.3

A prática esportiva possibilita diversos resultados potencialmente positivos como a melhoria da capacidade muscular e ganho de resistência, redução do escore de risco para doenças cardiovasculares e aprimoramento do sistema imunológico. A adequação do tratamento profilático regular e o monitoramento dos níveis de fator, são fundamentais para a realização de atividade física periódica em intensidade compatível ao quadro do paciente.1,3 O uso de fator VIII recombinante de longa ação, ao possibilitar menor frequência de infusão em comparação ao recombinante padrão, contribui com a redução da taxa de sangramentos espontâneos e com a percepção de melhoria da qualidade de vida.4

Mesmo sendo um apoio ao tratamento medicamentoso, é importante evidenciar que a prática de atividade física deve ser de acordo com orientação médica, considerando análise minuciosa dos níveis de fator e risco-benefício, além da conscientização sobre os exercícios de menor impacto articular – a exemplo de atividades aquáticas comparadas a atividades em solo -, evitando sobrecarga e dor localizada.1 A seguir (tabela 1), apresentamos algumas atividades categorizadas entre risco baixo a moderado para sangramentos, de acordo com a Fundação Nacional de Hemofilia (da sigla em inglês, NFH), em 20175:

Tabela 1: Atividades categorizadas de baixo a moderado risco para sangramentos.5

Tabela: Atividades categorizadas de baixo a moderado risco para sangramentos

Fonte: Adaptado de National Hemophilia Foundation (NFH). Playing it Safe, 2017

Referências

  • SCHÄFER G. S. et al. Physical exercise, pain and musculoskeletal function in patients with haemophilia: a systematic review. Haemophilia (2016), 22, e119–e129. DOI: 10.1111/hae.12909 Return to content
  • SCHNOHR, C. et al. Joint Mobility and Physical Function of Danish Hemophilia Patients: A Three-Wave Panel Study Spanning 24 Years. Acta Haematol 2018; 140:240–246. DOI: 10.1159/000493783. Return to content
  • ZETTERBERG, E. et al. Impact of Exercise on Hemophilia. Seminars in Thrombosis & Hemostasis. 2018; 44:787–795. Disponível em: DOI https://doi.org/10.1055/s-0038-1675381. ISSN 0094-6176. Return to content
  • Reding MT, Santagostino E, Poulsen LH, Kerlin BA, Wang M, Di Minno MND. Joint bleeding outcomes in patients with hemophilia A receiving long-term prophylaxis with bay 94-9027 in the protect VIII extension study. Research and Practice in Thrombosis and Haemostasis 2020;4(SUPPL 1):451. Return to content
  • National Hemophilia Foundation (NHF). Playing it Safe – Bleeding disorders, sports and exercise. 2017. Disponível em: stepsforliving.hemophilia.org. Return to content

PP-JIV-BR-0233-1